Pintura | Eric Carrazedo Artista Pintor | Brasil

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A realização de algo que, não faz muito tempo, parecia impensável.
Minha primeira individual em um lugar tão especial — e com o texto de alguém que sempre admirei: o professor e filósofo @clovisdebarros.

Por muito tempo pensei: “Se um dia eu pudesse escolher quem escreveria sobre minha exposição, seria o professor Clóvis.”
E Deus, com seu humor característico, resolveu me conceder essa ironia deliciosa.

O que mais me fascina nessa parceria é o fato de ele não vir do meio da arte.
Esse olhar de fora, livre dos vícios e da pretensão do circuito, é justamente o que o “mundo da arte” mais precisa — alguém que enxerga o essencial sem precisar vestir o figurino.

Eu mesmo sempre me senti um outsider. Alguém que prefere pensar por conta própria, mesmo que isso às vezes desagrade os dogmas culturais da vez.
Minhas bananas são isso: ironia, caos e crítica travestidos de cor. Uma rebeldia que ri do mundo enquanto tenta entendê-lo.

E o Clóvis, com seu texto “Samba da Saliva Triste”, captou isso com uma lucidez impressionante.

Ele escreveu:
“Por isso a arte salva. Porque não teme o fluxo. Não precisa do estável. A banana, se palavra falada, já está defasada. Entre o ‘b’ inicial e o ‘a’ final o mundo girou.”

Fui aluno dele há muitos anos — e nas fotos estamos rindo de um episódio daquela época.
Em uma aula sobre a Teoria da Espiral do Silêncio, ele perguntou o que acontecia quando as pessoas eram cada vez mais silenciadas.
Eu, com minha cabeça inquieta, respondi algo como: “Elas acabam gritando.”

A classe riu, e eu também — afinal, o ponto da teoria era o oposto. Mas olhando em retrospecto, percebo que aquela resposta “errada” dizia muito sobre mim.
Sempre fui um tanto do contra, rebelde, mas por anos tentei caber em moldes e seguir o roteiro “normal” da vida.

Hoje vejo que eu já era artista, apenas não tinha coragem de assumir. Estava preso às obrigações e ao medo.
Não que agora tudo seja fácil — longe disso —, mas hoje a energia flui. E quando a arte flui, a vida faz sentido.

E nesse samba de ideias, me sinto profundamente grato.
Dividir esse momento com alguém que, mesmo vindo de outro universo, traduziu o meu com tamanha precisão é algo que não tem preço.

Eric

A realização de algo que, não faz muito tempo, parecia impensável.
Minha primeira individual em um lugar tão especial — e com o texto de alguém que sempre admirei: o professor e filósofo @clovisdebarros.

Por muito tempo pensei: “Se um dia eu pudesse escolher quem escreveria sobre minha exposição, seria o professor Clóvis.”
E Deus, com seu humor característico, resolveu me conceder essa ironia deliciosa.

O que mais me fascina nessa parceria é o fato de ele não vir do meio da arte.
Esse olhar de fora, livre dos vícios e da pretensão do circuito, é justamente o que o “mundo da arte” mais precisa — alguém que enxerga o essencial sem precisar vestir o figurino.

Eu mesmo sempre me senti um outsider. Alguém que prefere pensar por conta própria, mesmo que isso às vezes desagrade os dogmas culturais da vez.
Minhas bananas são isso: ironia, caos e crítica travestidos de cor. Uma rebeldia que ri do mundo enquanto tenta entendê-lo.

E o Clóvis, com seu texto “Samba da Saliva Triste”, captou isso com uma lucidez impressionante.

Ele escreveu:
“Por isso a arte salva. Porque não teme o fluxo. Não precisa do estável. A banana, se palavra falada, já está defasada. Entre o ‘b’ inicial e o ‘a’ final o mundo girou.”

Fui aluno dele há muitos anos — e nas fotos estamos rindo de um episódio daquela época.
Em uma aula sobre a Teoria da Espiral do Silêncio, ele perguntou o que acontecia quando as pessoas eram cada vez mais silenciadas.
Eu, com minha cabeça inquieta, respondi algo como: “Elas acabam gritando.”

A classe riu, e eu também — afinal, o ponto da teoria era o oposto. Mas olhando em retrospecto, percebo que aquela resposta “errada” dizia muito sobre mim.
Sempre fui um tanto do contra, rebelde, mas por anos tentei caber em moldes e seguir o roteiro “normal” da vida.

Hoje vejo que eu já era artista, apenas não tinha coragem de assumir. Estava preso às obrigações e ao medo.
Não que agora tudo seja fácil — longe disso —, mas hoje a energia flui. E quando a arte flui, a vida faz sentido.

E nesse samba de ideias, me sinto profundamente grato.
Dividir esse momento com alguém que, mesmo vindo de outro universo, traduziu o meu com tamanha precisão é algo que não tem preço.

Eric

🎨 LEIA: Correr atrás de um sonho exige mais do que desejo: exige suportar o peso dos inúmeros “nãos” que se acumulam no caminho. Justamente o que a gente mais toma na vida é “não”. Não pode isso, não pode aquilo. Agora não. Você não. Não, não, não…

É natural ficar chateado, mesmo que por um instante, ou mesmo por um bom tempo. Respostas negativas soam como barreiras definitivas, mas na verdade são convites — à reflexão, ao redirecionamento, ao amadurecimento. Um “não” não é o fim. É o intervalo entre a expectativa e a conquista, entre a ilusão e a possibilidade real.

Um “não” é também saber que ao menos você foi atrás, você tentou. Quantas vezes o medo do “não” me fez evitar completamente um possível desfecho positivo? Quantos anos da minha vida e experiências foram desperdiçadas porque eu já assumia de cara, ainda que realisticamente fosse verdade, que eu tomaria uma negativa de quem quer que fosse? No fundo, cada “não” recebido é mais digno do que a inércia da omissão, porque ao menos ele prova que se teve a coragem de se expor.

Na vida de artista, esse embate é constante. Não basta aceitar a possibilidade do “não”; também não posso me forçar a caber em moldes que me esvaziariam por dentro. Entre a paralisia de nunca tentar e a tentação de fazer qualquer coisa para agradar, existe uma linha tênue que aprendi a buscar. Durante anos, o medo do julgamento me travou. O ego frágil encontrava desculpas para não arriscar, e assim deixei de viver experiências que poderiam ter me transformado. Hoje percebo que pior do que ouvir um “não” é nem sequer tentar. O “não” deixa marcas, sim — mas cada marca também é memória de coragem, e acaba me tornando mais resistente.

Essas cicatrizes me lembram que a aprovação tem valor, mas não a qualquer custo. É natural, depois de tantas recusas, sentir a tentação de aparar as arestas, suavizar verdades ou negociar convicções só para arrancar um “sim”. Mas até que ponto isso ainda é amadurecer — e quando já vira deformação? Um “sim” que exige a perda da essência não é conquista: é rendição. O que busco não é agradar a todos, mas me manter inteiro o suficiente para que, quando o “sim” chegar, ele tenha sentido.

CONTINUA ABAIXO ⬇️

🎨 LEIA: Correr atrás de um sonho exige mais do que desejo: exige suportar o peso dos inúmeros “nãos” que se acumulam no caminho. Justamente o que a gente mais toma na vida é “não”. Não pode isso, não pode aquilo. Agora não. Você não. Não, não, não…

É natural ficar chateado, mesmo que por um instante, ou mesmo por um bom tempo. Respostas negativas soam como barreiras definitivas, mas na verdade são convites — à reflexão, ao redirecionamento, ao amadurecimento. Um “não” não é o fim. É o intervalo entre a expectativa e a conquista, entre a ilusão e a possibilidade real.

Um “não” é também saber que ao menos você foi atrás, você tentou. Quantas vezes o medo do “não” me fez evitar completamente um possível desfecho positivo? Quantos anos da minha vida e experiências foram desperdiçadas porque eu já assumia de cara, ainda que realisticamente fosse verdade, que eu tomaria uma negativa de quem quer que fosse? No fundo, cada “não” recebido é mais digno do que a inércia da omissão, porque ao menos ele prova que se teve a coragem de se expor.

Na vida de artista, esse embate é constante. Não basta aceitar a possibilidade do “não”; também não posso me forçar a caber em moldes que me esvaziariam por dentro. Entre a paralisia de nunca tentar e a tentação de fazer qualquer coisa para agradar, existe uma linha tênue que aprendi a buscar. Durante anos, o medo do julgamento me travou. O ego frágil encontrava desculpas para não arriscar, e assim deixei de viver experiências que poderiam ter me transformado. Hoje percebo que pior do que ouvir um “não” é nem sequer tentar. O “não” deixa marcas, sim — mas cada marca também é memória de coragem, e acaba me tornando mais resistente.

Essas cicatrizes me lembram que a aprovação tem valor, mas não a qualquer custo. É natural, depois de tantas recusas, sentir a tentação de aparar as arestas, suavizar verdades ou negociar convicções só para arrancar um “sim”. Mas até que ponto isso ainda é amadurecer — e quando já vira deformação? Um “sim” que exige a perda da essência não é conquista: é rendição. O que busco não é agradar a todos, mas me manter inteiro o suficiente para que, quando o “sim” chegar, ele tenha sentido.

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🎨🚨✨ É OFICIAL: minha exposição individual está chegando!
⠀
“O Mundo Enlouqueceu!” invade a Sala de Artes do @clubepaulistano de 08/10 a 02/11, com curadoria de @sergio.scaff e Bel Lacaz.

📍 Vernissage: 08/10 às 18h
📍 Visitação: 09/10 a 02/11 | 11h às 21h

Uma alegria dividir esse novo capítulo de minha carreira em um espaço tão especial e histórico. 🍌🎨

Ao longo dos próximos dias darei mais detalhes!

(⚠️ Observação: a mostra acontece dentro do clube, portanto por enquanto o acesso é restrito a associados e convidados).

#OMundoEnlouqueceu #TheWorldWentBananas #EricCarrazedo #ArteContemporânea #Exhibition #ClubeAthleticoPaulistano

🎨🚨✨ É OFICIAL: minha exposição individual está chegando!
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“O Mundo Enlouqueceu!” invade a Sala de Artes do @clubepaulistano de 08/10 a 02/11, com curadoria de @sergio.scaff e Bel Lacaz.

📍 Vernissage: 08/10 às 18h
📍 Visitação: 09/10 a 02/11 | 11h às 21h

Uma alegria dividir esse novo capítulo de minha carreira em um espaço tão especial e histórico. 🍌🎨

Ao longo dos próximos dias darei mais detalhes!

(⚠️ Observação: a mostra acontece dentro do clube, portanto por enquanto o acesso é restrito a associados e convidados).

#OMundoEnlouqueceu #TheWorldWentBananas #EricCarrazedo #ArteContemporânea #Exhibition #ClubeAthleticoPaulistano

🎨🇧🇷 BRASÍLIA DE TROIA: Imaginemos um país em que menos de 35% da população urbana tenha acesso à rede de água encanada, e menos de 20% ao esgoto. No campo, nem se fala: miséria quase absoluta.
⠀
Imaginemos um Estado cuja taxa de analfabetismo gira em torno de 40% da população adulta, superando 50% em certas regiões — e sem sequer considerar o analfabetismo funcional.

Imaginemos uma nação cuja taxa de mortalidade infantil alcança níveis comparáveis aos de países africanos em guerra.

Agora, imaginemos que tudo isso não é fruto da imaginação: esta era a realidade do Brasil na década de 1950.

E então, o que fazer para transformar esses indicadores vergonhosos em passado? Ora, nada mais óbvio do que mover a capital 1.200 km para dentro do território, construindo uma nova metrópole e centro administrativo do zero!

Não é de se espantar que, no auge da Guerra Fria, nada pareceu mais “estratégico” para um país latino-americano subdesenvolvido — de dimensões continentais e historicamente acostumado a fugir de suas responsabilidades em quase todas as esferas, exceto a de roubar o próprio povo — do que refugiar sua casta mais improdutiva bem longe da população. E claro, sempre com desculpinhas baratas e patrióticas. De quebra, garantindo a aposentadoria dourada de gerações de políticos cujos desvios só encontram paralelo nos grandes escândalos contemporâneos, como o Petrolão ou o caso do INSS (lembram dele?).

E quem melhor para dar forma arquitetônica a essa indiferença em relação ao povo, a essa hipocrisia gritante, do que o muso-arquiteto-intocável Oscar Niemeyer?
Sem dúvida autor de alguns dos traços mais reconhecíveis da arquitetura do século XX, Niemeyer também encarna, como poucos, a contradição da elite comuno-caviar: discurso moralista e falso por fora, mas um comunista convicto, filiado ao PCB, que defendia regimes autoritários enquanto trabalhava para governos e elites — e que jamais abriu mão dos prazeres capitalistas. A mesma contradição que atravessa 98% da classe artística, sempre pronta a vomitar moralismo barato.

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🎨🇧🇷 BRASÍLIA DE TROIA: Imaginemos um país em que menos de 35% da população urbana tenha acesso à rede de água encanada, e menos de 20% ao esgoto. No campo, nem se fala: miséria quase absoluta.
⠀
Imaginemos um Estado cuja taxa de analfabetismo gira em torno de 40% da população adulta, superando 50% em certas regiões — e sem sequer considerar o analfabetismo funcional.

Imaginemos uma nação cuja taxa de mortalidade infantil alcança níveis comparáveis aos de países africanos em guerra.

Agora, imaginemos que tudo isso não é fruto da imaginação: esta era a realidade do Brasil na década de 1950.

E então, o que fazer para transformar esses indicadores vergonhosos em passado? Ora, nada mais óbvio do que mover a capital 1.200 km para dentro do território, construindo uma nova metrópole e centro administrativo do zero!

Não é de se espantar que, no auge da Guerra Fria, nada pareceu mais “estratégico” para um país latino-americano subdesenvolvido — de dimensões continentais e historicamente acostumado a fugir de suas responsabilidades em quase todas as esferas, exceto a de roubar o próprio povo — do que refugiar sua casta mais improdutiva bem longe da população. E claro, sempre com desculpinhas baratas e patrióticas. De quebra, garantindo a aposentadoria dourada de gerações de políticos cujos desvios só encontram paralelo nos grandes escândalos contemporâneos, como o Petrolão ou o caso do INSS (lembram dele?).

E quem melhor para dar forma arquitetônica a essa indiferença em relação ao povo, a essa hipocrisia gritante, do que o muso-arquiteto-intocável Oscar Niemeyer?
Sem dúvida autor de alguns dos traços mais reconhecíveis da arquitetura do século XX, Niemeyer também encarna, como poucos, a contradição da elite comuno-caviar: discurso moralista e falso por fora, mas um comunista convicto, filiado ao PCB, que defendia regimes autoritários enquanto trabalhava para governos e elites — e que jamais abriu mão dos prazeres capitalistas. A mesma contradição que atravessa 98% da classe artística, sempre pronta a vomitar moralismo barato.

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No país do futuro que nunca chega, um dos grandes traços culturais é a mania de jogar a culpa nos outros. Talvez não exista nada mais covarde e perverso do que a fuga das próprias responsabilidades. Por tabela, chega-se ao óbvio: boa parte da população é, sim, covarde — e cúmplice direta das consequências que isso acarreta.

A escolha de um líder, descondenado por seus parças travestidos de juízes, que sempre aponta o dedo para qualquer um — antecessor, Estados Unidos, as estrelas — menos para si próprio, não pode ser tratada como mero infortúnio. Sobretudo quando esse mesmo “líder”, cujo partido em breve terá completado duas décadas no poder (mais que Vargas, apenas um ano a menos que o regime militar), deixou atrás de si rastros de destruição, corrupção e omissão quase irreparáveis.

E se considerarmos que todas as suas chegadas ao poder se deram pelo voto, não há desculpa: trata-se do reflexo mais cristalino de uma sociedade que também se exime, também se ilude e também foge da responsabilidade. O povo escolheu — por mais discutível que tenha sido a eleição — entregar mais um mandato a quem afirmou, com todas as letras, que “a democracia é relativa” e que se alia, por ideologia, às mais sanguinárias ditaduras.

A cultura do jeitinho e da malandragem, muitas vezes romantizada pela mídia, pelas novelas e pelo carnaval, foi transformada em símbolo de identidade nacional — como se fosse algo digno, engraçado, até admirável. Mas a fronteira entre fantasia e realidade se dissolve: a esperteza que diverte na ficção se torna regra no cotidiano. E o país se afunda em um pesadelo do qual dificilmente despertará sem mudanças radicais na base. Grande parte da população sequer percebe o quanto está atolada na lama.

Assim, ruindo pouco a pouco, este ajuntado de gente chamado Brasil se fragmenta em castas. Os marajás dos três poderes, em uma interminável orgia onde só quem se f*** é o povo, se blindam e se chantageiam não apenas para manter o poder, mas também para ampliá-lo a ponto de fazer inveja a Luís XIV.

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No país do futuro que nunca chega, um dos grandes traços culturais é a mania de jogar a culpa nos outros. Talvez não exista nada mais covarde e perverso do que a fuga das próprias responsabilidades. Por tabela, chega-se ao óbvio: boa parte da população é, sim, covarde — e cúmplice direta das consequências que isso acarreta.

A escolha de um líder, descondenado por seus parças travestidos de juízes, que sempre aponta o dedo para qualquer um — antecessor, Estados Unidos, as estrelas — menos para si próprio, não pode ser tratada como mero infortúnio. Sobretudo quando esse mesmo “líder”, cujo partido em breve terá completado duas décadas no poder (mais que Vargas, apenas um ano a menos que o regime militar), deixou atrás de si rastros de destruição, corrupção e omissão quase irreparáveis.

E se considerarmos que todas as suas chegadas ao poder se deram pelo voto, não há desculpa: trata-se do reflexo mais cristalino de uma sociedade que também se exime, também se ilude e também foge da responsabilidade. O povo escolheu — por mais discutível que tenha sido a eleição — entregar mais um mandato a quem afirmou, com todas as letras, que “a democracia é relativa” e que se alia, por ideologia, às mais sanguinárias ditaduras.

A cultura do jeitinho e da malandragem, muitas vezes romantizada pela mídia, pelas novelas e pelo carnaval, foi transformada em símbolo de identidade nacional — como se fosse algo digno, engraçado, até admirável. Mas a fronteira entre fantasia e realidade se dissolve: a esperteza que diverte na ficção se torna regra no cotidiano. E o país se afunda em um pesadelo do qual dificilmente despertará sem mudanças radicais na base. Grande parte da população sequer percebe o quanto está atolada na lama.

Assim, ruindo pouco a pouco, este ajuntado de gente chamado Brasil se fragmenta em castas. Os marajás dos três poderes, em uma interminável orgia onde só quem se f*** é o povo, se blindam e se chantageiam não apenas para manter o poder, mas também para ampliá-lo a ponto de fazer inveja a Luís XIV.

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LEIA: “SPECTRUM LIFE” — um novo e vasto espectro de possibilidades

Esta é minha mais recente evolução de obras com spots: pela primeira vez, foram pintados a óleo, conferindo não apenas um brilho característico deste tipo de tinta, mas também abrindo espaço para novas abordagens — não apenas cores sólidas, mas gradientes e misturas dentro do mesmo spot.

Nem todos querem — ou podem, dependendo do ambiente - ter obras com mensagens mais explícitas. Aqui, discretamente carregadas de simbolismo, minhas pinturas com spots encontram seu lugar.

Originalmente uma crítica ao “mundo da arte” e seus absurdos, meus spots nasceram como uma piada em relação à série “Spot Paintings” de Damien Hirst. Mas o que muitos não percebem — ou preferem não perceber — é que eles carregam significados que vão além dessa ironia inicial.

Enquanto o próprio Hirst teria pintado apenas entre 25 e 50 spot paintings (cerca de 3,5% do total de aproximadamente 1.400 obras da série), me propus ao desafio de fazer eu mesmo cada spot: coloridos, monocromáticos, em fundos a óleo e, agora, explorando variações de cor dentro do mesmo ponto - um avanço técnico que Hirst jamais buscou, mesmo com dezenas de assistentes. Como o próprio artista disse, pintar spots pode ser “um saco”, e concordo - mas também é fascinante. Até hoje, todos os meus spots foram feitos 100% por mim, um a um, com pincel.

São anos de experiência, em que a técnica foi se consolidando com tentativa e erro, até encontrar o resultado ideal. Existem outras diferenças nos meus spots - como o espaçamento entre eles - mas isso é papo para outra ocasião.

Ao juntar esses spots às bananas, meu objetivo foi mais que técnico: em plena pandemia, quis trazer humanidade, graça e uma pitada de ironia a uma ideia que, no início, me parecia fria e quase mecânica. Foi também uma forma de buscar sentido num período em que o sentido das coisas parecia ter se perdido.

E é aqui que meu trabalho se distância muito mais de Hirst. A padronização também pode ser quebrada por dentro, e a ideia de “Caos” das bananas e “Ordem” dos spots demonstra que as duas coisas podem e devem ser complementares para o equilíbrio, seja de uma pintura, seja da vida.

Eric

LEIA: “SPECTRUM LIFE” — um novo e vasto espectro de possibilidades

Esta é minha mais recente evolução de obras com spots: pela primeira vez, foram pintados a óleo, conferindo não apenas um brilho característico deste tipo de tinta, mas também abrindo espaço para novas abordagens — não apenas cores sólidas, mas gradientes e misturas dentro do mesmo spot.

Nem todos querem — ou podem, dependendo do ambiente - ter obras com mensagens mais explícitas. Aqui, discretamente carregadas de simbolismo, minhas pinturas com spots encontram seu lugar.

Originalmente uma crítica ao “mundo da arte” e seus absurdos, meus spots nasceram como uma piada em relação à série “Spot Paintings” de Damien Hirst. Mas o que muitos não percebem — ou preferem não perceber — é que eles carregam significados que vão além dessa ironia inicial.

Enquanto o próprio Hirst teria pintado apenas entre 25 e 50 spot paintings (cerca de 3,5% do total de aproximadamente 1.400 obras da série), me propus ao desafio de fazer eu mesmo cada spot: coloridos, monocromáticos, em fundos a óleo e, agora, explorando variações de cor dentro do mesmo ponto - um avanço técnico que Hirst jamais buscou, mesmo com dezenas de assistentes. Como o próprio artista disse, pintar spots pode ser “um saco”, e concordo - mas também é fascinante. Até hoje, todos os meus spots foram feitos 100% por mim, um a um, com pincel.

São anos de experiência, em que a técnica foi se consolidando com tentativa e erro, até encontrar o resultado ideal. Existem outras diferenças nos meus spots - como o espaçamento entre eles - mas isso é papo para outra ocasião.

Ao juntar esses spots às bananas, meu objetivo foi mais que técnico: em plena pandemia, quis trazer humanidade, graça e uma pitada de ironia a uma ideia que, no início, me parecia fria e quase mecânica. Foi também uma forma de buscar sentido num período em que o sentido das coisas parecia ter se perdido.

E é aqui que meu trabalho se distância muito mais de Hirst. A padronização também pode ser quebrada por dentro, e a ideia de “Caos” das bananas e “Ordem” dos spots demonstra que as duas coisas podem e devem ser complementares para o equilíbrio, seja de uma pintura, seja da vida.

Eric

LEIA👉♟️🎨”XADREZ DO PODER”: Muitos repetem: “É preciso entrar no sistema para mudá-lo.” O conselho soa nobre, quase estratégico. Mas é uma armadilha. O sistema não é um espaço neutro esperando ser transformado por dentro — é uma estrutura que vive para se perpetuar. Ele identifica rapidamente qualquer ameaça: primeiro tenta cooptar, oferecendo privilégios em troca de submissão; se não consegue, destrói sem piedade.

E aqui está a diferença que precisa ser dita: há aqueles que se deixam cooptar por pura falta de caráter — sabem muito bem o que estão fazendo, sabem que se tornam cúmplices do mal, e ainda assim avançam, conscientes de que a traição lhes renderá migalhas de poder. E há os outros, mais trágicos: os ignorantes, fracos de mente, servos que jamais tiveram a chance de ver a luz, condicionados desde o início a acreditar na mentira. Estes talvez já não possam ser resgatados, porque sequer compreendem que vivem na sombra.

É preciso dizer o óbvio com todas as letras: o sistema se protege porque foi construído para isso. Não há ingenuidade aqui, não há equívoco de ocasião. Há cálculo. Há método. Para manter falsos ares de justiça, ele até tolera dissidências inofensivas - mas sufoca rapidamente qualquer voz que ouse tocar em suas contradições. As regras mudam ao bel-prazer dos que comandam a partida, até que todo questionamento seja silenciado, não importando os meios para atingi-lo, inclusive os mais violentos possíveis.

E é justamente essa obviedade que tantos se recusam a enxergar: se você não vender sua alma, jamais será aceito no jogo; se a vender, já não terá mais como mudá-lo. Essa é a condição inescapável. Dentro dessa lógica, não há redenção. Não há reforma. Não há negociação.

“Xadrez do Poder” traduz essa constatação. De um lado, o rei e a rainha, propositalmente de cores opostas, símbolos de um pacto oculto, de um conluio que garante a continuidade do tabuleiro. Do outro, bananas: aparentemente frágeis, ridículas, mas indispensáveis para que o espetáculo se mantenha. São a imagem do povo reduzido a caricatura, sempre convocado a sustentar o jogo, nunca a decidir seus rumos.

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LEIA👉♟️🎨”XADREZ DO PODER”: Muitos repetem: “É preciso entrar no sistema para mudá-lo.” O conselho soa nobre, quase estratégico. Mas é uma armadilha. O sistema não é um espaço neutro esperando ser transformado por dentro — é uma estrutura que vive para se perpetuar. Ele identifica rapidamente qualquer ameaça: primeiro tenta cooptar, oferecendo privilégios em troca de submissão; se não consegue, destrói sem piedade.

E aqui está a diferença que precisa ser dita: há aqueles que se deixam cooptar por pura falta de caráter — sabem muito bem o que estão fazendo, sabem que se tornam cúmplices do mal, e ainda assim avançam, conscientes de que a traição lhes renderá migalhas de poder. E há os outros, mais trágicos: os ignorantes, fracos de mente, servos que jamais tiveram a chance de ver a luz, condicionados desde o início a acreditar na mentira. Estes talvez já não possam ser resgatados, porque sequer compreendem que vivem na sombra.

É preciso dizer o óbvio com todas as letras: o sistema se protege porque foi construído para isso. Não há ingenuidade aqui, não há equívoco de ocasião. Há cálculo. Há método. Para manter falsos ares de justiça, ele até tolera dissidências inofensivas - mas sufoca rapidamente qualquer voz que ouse tocar em suas contradições. As regras mudam ao bel-prazer dos que comandam a partida, até que todo questionamento seja silenciado, não importando os meios para atingi-lo, inclusive os mais violentos possíveis.

E é justamente essa obviedade que tantos se recusam a enxergar: se você não vender sua alma, jamais será aceito no jogo; se a vender, já não terá mais como mudá-lo. Essa é a condição inescapável. Dentro dessa lógica, não há redenção. Não há reforma. Não há negociação.

“Xadrez do Poder” traduz essa constatação. De um lado, o rei e a rainha, propositalmente de cores opostas, símbolos de um pacto oculto, de um conluio que garante a continuidade do tabuleiro. Do outro, bananas: aparentemente frágeis, ridículas, mas indispensáveis para que o espetáculo se mantenha. São a imagem do povo reduzido a caricatura, sempre convocado a sustentar o jogo, nunca a decidir seus rumos.

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BANANAS? Olhe além da casca! 🍌🎨

#ericcarrazedo #TheWorldWentBananas #artecontemporanea #artebrasileira #artpolitica #popart #pintura #bananarepublic #contemporaryart #brazilianartist #artistaindependente

BANANAS? Olhe além da casca! 🍌🎨

#ericcarrazedo #TheWorldWentBananas #artecontemporanea #artebrasileira #artpolitica #popart #pintura #bananarepublic #contemporaryart #brazilianartist #artistaindependente

🎨🇧🇷🍌A REPÚBLICA DOS INTOCÁVEIS: no reino da insegurança, as regras do tabuleiro mudam a todo momento durante o jogo. Tudo pode ser reinterpretado depois do lance, conforme a conveniência do caso. A recente decisão de um ministro comunista (um absurdo por si só), que visa inutilmente blindar as consequências da Magnitsky, confirma esse método: responsabilização vira exceção, previsibilidade some, risco aumenta. O país envia mais uma vez ao mundo a mensagem de que não é um lugar minimamente sério — e o mercado, que ainda sustenta tudo isso e parece estar acordando só agora para as implacáveis consequências, reage imediata e negativamente. Isso não é debate moral; é simplesmente o custo de um país cujos poderosos vivem completamente descolados da realidade.

Minha obra nasce desse ponto. Desta vez, a novidade imagética são as onze rainhas pretas e um rei branco. As rainhas repousam sobre fundos em cores metálicas que, ao mesmo tempo em que denotam riqueza acumulada e invulnerabilidade, também assinalam completo distanciamento do restante da sociedade, sempre com um ar supremo de superioridade de quem jamais precisou se explicar. Rainhas são justamente as peças mais poderosas do tabuleiro: podem mover-se para qualquer direção e, na Bananalândia, interferem ao bel-prazer em tudo que for possível com apenas uma canetada, custe o que custar e a quem custar.

No xadrez em que regras são respeitadas, cores opostas se enfrentam. Na obra, as onze rainhas pretas protegem o lunático rei branco. Esse rei, por sua vez, repousa “soberano”, propositalmente, sobre um fundo “vermelho China”.

A alegoria é simples: quando poderes que deveriam tensionar-se para que o jogo siga como deveria operam em bloco, não há separação; há conluio e destruição do tabuleiro como um todo, afinal o resultado já está decidido de antemão.

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🎨🇧🇷🍌A REPÚBLICA DOS INTOCÁVEIS: no reino da insegurança, as regras do tabuleiro mudam a todo momento durante o jogo. Tudo pode ser reinterpretado depois do lance, conforme a conveniência do caso. A recente decisão de um ministro comunista (um absurdo por si só), que visa inutilmente blindar as consequências da Magnitsky, confirma esse método: responsabilização vira exceção, previsibilidade some, risco aumenta. O país envia mais uma vez ao mundo a mensagem de que não é um lugar minimamente sério — e o mercado, que ainda sustenta tudo isso e parece estar acordando só agora para as implacáveis consequências, reage imediata e negativamente. Isso não é debate moral; é simplesmente o custo de um país cujos poderosos vivem completamente descolados da realidade.

Minha obra nasce desse ponto. Desta vez, a novidade imagética são as onze rainhas pretas e um rei branco. As rainhas repousam sobre fundos em cores metálicas que, ao mesmo tempo em que denotam riqueza acumulada e invulnerabilidade, também assinalam completo distanciamento do restante da sociedade, sempre com um ar supremo de superioridade de quem jamais precisou se explicar. Rainhas são justamente as peças mais poderosas do tabuleiro: podem mover-se para qualquer direção e, na Bananalândia, interferem ao bel-prazer em tudo que for possível com apenas uma canetada, custe o que custar e a quem custar.

No xadrez em que regras são respeitadas, cores opostas se enfrentam. Na obra, as onze rainhas pretas protegem o lunático rei branco. Esse rei, por sua vez, repousa “soberano”, propositalmente, sobre um fundo “vermelho China”.

A alegoria é simples: quando poderes que deveriam tensionar-se para que o jogo siga como deveria operam em bloco, não há separação; há conluio e destruição do tabuleiro como um todo, afinal o resultado já está decidido de antemão.

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